sábado, 28 de abril de 2007

ÉTICA


Ética…
Perguntam muitos: O que é? Como se mede? Existe? Para quês serve?...
Hoje pensei em falar dela.
Implica uma reflexão múltipla porque múltiplos são também os domínios em que esta está ou deve estar presente no quotidiano de Homens e Mulheres livres, iguais em direitos e deveres, elemento “ compositum” do Universo em contínua evolução.
Ética é sobretudo, mas não só, “ aquela ciência da moral” que, desde os tempos mais remotos da Humanidade, tem sido defendida pelo Homem como a ciência que concerne aos princípios da moralidade e dos bons costumes.
De facto todo o Ser humano deve pautar a sua existência e o seu comportamento social e/ou profissional por uma profunda consciência moral e/ou profissional.

Princípio, palavra e acção devem ser, no mínimo, condizentes.
No entanto, sempre direi que no exercício de uma qualquer actividade, a consciência moral não é rigorosamente coincidente com a consciência profissional, o mesmo se passando no âmbito das relações estritamente sociais, individuais ou colectivas.
A todo o profissional, a todo o ser humano é reconhecido um importante papel na administração da justiça social e profissional.
É por esta via que o trabalhador, o empresário ou o político, no uso das suas faculdades ético-profissionais, pode e deve ser o obreiro por excelência na construção de um mundo mais justo e solidário.
Ética é também o dever – ser da conduta profissional, na defesa de princípios fundamentais como sejam os da lealdade, da confiança, responsabilidade pessoal e social, liberdade e justiça individual e colectiva.
Lealdade que sempre informa o quotidiano do profissional, confiança que a sociedade em geral e o outro em particular nele deposita, liberdade de actuação crítica do sistema, do vulgarmente comum, do arbitrário, do injusto, responsabilidade na construção de sociedades mais empenhadas na defesa dos valores ambientais, sociais e humanistas.
Porque não dizer apenas:
- Que a voz nunca me doa, o pensamento nunca me abandone e a acção não se esgote para que possa, pensando na construção de um mundo novo, “ gritar sempre bem alto” que os Homens são iguais e deverão ser sempre livres, num Universo que queremos construir cada mais fraterno e solidário.

19 comentários:

Lúcia Duarte disse...

começo por mostrar a minha satisfação por ver a Alzira a postar aqui.
não é por ser mulher, é porque mostra sempre uma visão realista das coisas, é justa e tem modos de pensar muito parecidos com os meus.
também neste post mostra uma semelhança com o meu modo de pensar: nem sempre a ética profissional e a nossa consciência estão de mãos dadas.
o que mostra a grandeza de um ser humano é saber lidar com esta separação, tentando não ferir nenhum dos principios éticos e morais.
mais uma vez, benvinda!
já agora, gostava muito de ver os colaboradores deste blog no dia 12 no evento "a blogosfera alcobacense desce à cidade". apareçam - a uniam faz a força e da troca de ideias nasce a luz.

Alzira Henriques disse...

Olá Lúcia,
A troca de ideias constitui um factor de enriquecimento humano, mesmo quando as ideias do outro são diferentes das nossas. Por vezes são modos diferentes de ver e sentir a mesma realidade pelo que é muito importante alargarmos horizontes.
A questão ética é essencial à boa convivência humana, razão pela qual quiz iniciar a minha colaboração neste espaço com ela.
Não que eu seja, ou queira ser, perfeita. Sei que o não sou e, para ser franca, não tenho pretensões a sê-lo. Mas, ter sempre presente o respeito pelos outros, a liberdade e o sentir dos outros, os valores do colectivo contra o individualismo etc. é fundamental.
Mesmo assim, quantas vezes somos traídos(as) por sentimentos inesperados e genuínos e pela vida?! E, assim magoamos quem não queríamos magoar...
Não é fácil VIVER!

MGomes disse...

...eu continuaria com a seu último parágrafo inserido no comentário que fez à lucia duarte: Não é fácil VIVER! e todos nós temos esse sentimento nos dias que correm, cada vez mais nos debatemos socialmente com a ausência de valores e padrões éticos de conduta. E como, e bem, não vivemos isolados neste mundo imensamente global, a luta pela defesa do que consideramos ÉTICO, não é nada fácil.
Excelente o seu texto sobre tão importante tema.
Um beijo e obrigado pela visita

A. João Soares disse...

Parabéns Alzira por este texto. É preciso ensinar a muito boa gente que a ética e os valores não devem ser postergados. O dinheiro não é tudo na vida!!!
Atrevi-me a copiar este seu texto para os blogues Do Mirante e Do Miradouro. Um texto com este valor deve circular e ser dado a conhecer o mais longe possível. Tive o cuidado de o identificar quanto à origem e à autora e colocar links.
Parabéns e continue por este bom caminho.
beijinhos
João

Lúcia Duarte disse...

de facto não é nada fácil viver, nem é fácil darmos a volta a determinados sentimentos e situações que se nos vão deparando pela vida fora, nem conseguimos ser perfeitos.
mas a mim basta saber que o que faço faço de cabeça levantada e sempre com a consciência de que poderia ter feito melhor.
há coisas que a vida nos vai ensinando - pontapé daqui e pontapé de acolá, lá vamos tentando fazer o nosso melhor e aprender com os erros que já cometemos.
pena é que, quando erramos, raramente tenhamos alguém que nos ajude a levantar e seguir em frente

Alzira Henriques disse...

Olá MGomes,
É verdade...não é mesmo nada fácil viver!
Quantos encontros, desencontros, enganos, ilusões, desilusões... Mas, há sempre uma Luz ao fundo túnel se soubermos viver a vida observando o princípio essencial hoje em debate.
Veja o querubim...
Beijo solidário para si.

Alzira Henriques disse...

Caro Amigo João Soares,
Agradeço o seu comentário e manifesto a minha satisfação por ter publicado este meu artigo nos Blog's (para mim de referência) Do Mirante e Do Miradouro.
Lá irei fazer uma visita, como sempre.

Beijo de Bom Dia do Trabalhador para si.

Alzira Henriques disse...

Amiga Lúcia,
É como diz: o que é preciso é andarmos de cabeça erguida. Afinal todos caímos e logo nos levantamos...São os erros e os tropeções que nos ensinam...
Somos todos humanos...

Beijo de Bom Dia do Trabalhador para si.

ANTONIO DELGADO disse...

Ola Alzira,
Para além daquilo que o termo representa (ética) em valores práticos, é uma palavra que está na moda e fica bem-fazer dela referencia em qualquer discurso, porque vivemos uma época onde os paradigmas estão em transformação e o quotidiano e a actualidade parecerem ser sem regra ou orientação. Por isso em tempo nenhum se falou tanto de ética como no presente e o seu valor factual e real só existe no âmbito simbólico. O valor de amanhã não é o mesmo de hoje para não dizer o de logo à tarde ou à noite. É por isso que para o ser humano é “mesmo nada fácil viver” como se tem dito com anterioridade.

A. João Soares disse...

Obrigado Alzira pela sua visita e pelas palavras com que mimoseia os meus blogues. Nada de especial faço a não ser procurar seguir uma ética que procuro seja perfeita.
Viver é como de menino se começa a andar. Cai, levanta-se e procura o equilíbrio para evitar nova queda e, a pouco e pouco, vai se transformando num atleta.
A divulgação do seu texto insere-se numa intenção de valorizar aquilo que efectivamente tem valor, um acto de interacção de blogues que, pel sua capacidade, poderão constituir uma força de influência com vista a melhorar o culto dos valores mais positivos.
A ética, a moral, o civismo, não podem ser apenas palavras, mas devem tornar-se molas reais dos comportamentos. Hoje, em especial, dia do trabalhador, vamos ouvir palavras bonitas que pouco têm de substância a não ser a preocupação de ganhar mais, a subsidiodependência. Ninguém irá lembrar os trabalhadores de que é preciso profissionalismo, vontade de melhorar a formação, para contribuir para o êxito da empresa do qual resultará a capacidade de pagar melhores salários e servir melhor os clientes. Gosto de ser optimista e indicar saídas válidas, construtivas para os vindouros poderem ser mais felizes, mas não é fácil, porque a realidade não é conduzida por directrizes éticas e morais, com o culto da responsabilidade, dos deveres ao lado dos direitos...
Continuemos, Alzira a lutar por valores positivos.
Beijinhos

António Inglês disse...

A vida é uma grande escola de ética se a levarmos de frente.

Como diz a lucia duarte, com mais pontapé menos pontapé, o importante é irmos tentando não fugir dos "carris".

Um abraço
josé gonçalves

Maria Faia disse...

Olá António,
De acordo com a noção mais consensual entre sociólogos, filósofos, ou outros estudiosos da matéria,á ÉTICA (do grego “ethiké” ou do latim “ethica” - ciência relativa aos costumes), é o domínio do saber que tem por objectivo o juízo ou a apreciação que DISTINGUE O BEM DO MAL, o COMPORTAMENTO CORRECTO e o INCORRECTO. Os princípios éticos constituem-se enquanto directrizes, pelas quais o homem rege o seu comportamento, tendo em vista uma filosofia moral dignificante.
Definir o conceito de ética não é tarefa fácil.. todos sabem o que é mas traduzi-la por palavras...
Talvez pela minha formação pessoal e jurídica, entendo que observar, no quotidiano das nossas vivências, os princípios éticos essenciais que devem pautar a vida das GENTES DE BONS COSTUMES, corresponde a uma conduta regulada pelo DEVER GERAL DE PROBIDADE na forma como é entendido este dever por um HOMEM BOM que muito estimo (António Arnault) designadamente, uma conduta em que imperem os princípios da Honestidade, Integridade e Rectidão de Carácter.

Quanto à observação que fazes de, nos tempos de hoje, se falar muito em ética, digo-te apenas que me congratulo com isso porquanto, atenta a sociedade em que vivemos, em que imperam os valores materiais e individuais, o lucro (seja de que natureza for) a qualquer custo, é muito importante que haja sempre vozes que se levantem na defesa dos valores fundamentais à boa convivência e formação humana.
O prestígio de uma sociedade é alicerçado no prestígio dos seus membros.
Foi por essa razão que escrevi este artigo.
É sempre importante despertar consciências, inclusivé a nossa.

Alzira Henriques disse...

É verdade João Soares,
Também eu partilho da opinião segundo a qual a ética, a moral, o civismo, não podem ser apenas palavras, mas devem tornar-se molas reais dos comportamentos.
Obrigado pelas suas importantes intervenções neste debate.
Beijinhos
Alzira

Alzira Henriques disse...

Meu Amigo José Gonçalves,
É vivendo que se vive...
que se aprende e se progride!

Beijo Amigo
Alzira

Jorge Casal disse...

Fala-se muito em ética, de facto. A meu ver, tem muitas acepções (profissionalismo, honestidade, seriedade, moralismo, etc.). Uma dessas acepções vai de par com os conceitos populares de «bons costumes», «moral/imoral» (no sentido do que é legítimo ou não fazer) e, sobretudo, de «honradez». A transmissão do valor «ética» (honradez, bons costumes) só é eficaz quando o exemplo «vem de cima». Caso contrário temos a ditote do Frei Tomás (que prega uma coisa e faz outra) e a hipocrisia. A Ética é um dos poucos valores sociais que se expandem de cima para baixo. Caso contrário há «costumes do povo» por um lado e das classes elevadas por outro, «povo honrado» e elites corruptas, etc. Ora, como todos sabemos, as «nossas» elites (políticos, juízes, empresários, jornalistas, etc.) são muito pouco notados pela sua «honradez» enquanto a «honradez» era específica do povo. A ética é um valor específico duma cultura. Há culturas que assumem a mentira como válida, portanto, a mentira faz parte da ética.

Eu temo que as muitas referências que os políticos e líderes fazem à Ética sejam um modo como outro de exigirem dos outros o que eles não praticam A propósito da palavra lembro-me da obra «Ética Protestante e Espírito do Capitalismo», de Max Weber, em que este demonstra que o protestantismo inventou o «capitalismo moderno» (um modo racional e legítimo de enriquecer PELO TRABALHO, com exclusão liminar da fraude) enquanto o capitalismo que conhecemos no mundo católico (e asiático) pode confundir-se com a exploração humana e a fraude financeira.

Alzira Henriques disse...

Meu Bom Amigo Jorge Casal,

Interessantíssimo este teu comentário. É que a obra que referes, de Max Weber, devia ser de leitura quase obrigatória para todos quantos querem entender o surgimento do capitalismo e suas ligações às diferentes "tradições" religiosas, com especial incidência para o protestantismo dissidente da igreja católica romana no tocante à visão do mundo e da fé.
Acrescentas, assim, mais uma visão importante da ética enquanto princípio ou fonte de princípios orientadores da salutar convivência humana, económica e social.
No entanto, sempre se diga que o estudo da Ética protestante, de acordo com Weber, explorava meramente uma fase da "emancipação da magia", o "desencanto do mundo", uma característica que Weber considerava como uma peculiaridade que distingue a cultura ocidental da cultura oriental.

Beijo Amigo
Maria Faia

A. João Soares disse...

Caro Jorge Casal,
Agradeço o seu comentário colocado no Do Mirante.
E assim as ideias avançam em cogitações sucessivas, desvendando paisagens cada vez mais interessantes. O exemplo é ideal para a aprendizagem que leva os menos esclarecidos a seguir os mais iluminados. Infelizmente, as notícias que, com frequência, nos chegam não evidenciam bons exemplos da chamada elite, antes pelo contrário. Se todos nós os imitássemos depressa viria o Apocalipse.
O sua alusão ao protestantismo que fez evoluir os países da Europa do Norte e esta minha ocasional referência ao Apocalipse, fez-me pensar na parábola dos talentos (Mateus 25,14 e Lucas 19,12) que, aos olhos do anti-capitalistas de hoje, é uma imoralidade, um apelo à ganância. Mas... as coisas podem ter os significados mais variados, dependendo da forma como são interpretadas.
Mas, não há dúvidas que a sociedade portuguesa tem necessidade de melhores elites, norteadas por melhores sistema de valores, melhores padrões de comportamento.
Um abraço
A. João Soares

Ernesto Feliciano disse...

Amiga Alzira,

Começa os seus artigos neste nosso blogue com um excelente tema: a ética (ou a falta dela).

Pois bem, a ética é um fio condutor que nos deve nortear, quer a nível pessoal, quer profissionalmente.

E à ética, estão ligados determinados principios, que devem reger a conduta de todos nós:
- o princípio da integridade;
- o princípio da idoneidade;
- o princípio da lealdade;
- o princípio da independência;
- o princípio da confidencialidade;
- o princípio da responsabilidade;
- o princípio da competência;
- o princípio da equidade;

Ernesto Feliciano disse...
Este comentário foi removido pelo autor.