domingo, 25 de novembro de 2007

PARA REFLECTIR

TANTO FAZ QUE SE GOSTE OU NÃO DE TOURADAS.

"OLHO COM ADMIRAÇÃO PARA AQUELES HOMENS E MAIS UMA VEZ ME INTERROGO SOBRE A SOLIDARIEDADE, A ENTREGA, O AUTO-SACRIFÍCIO EM BENEFÍCIO DO OUTRO, A CORAGEM, A BRAVURA E TUDO O MAIS QUE HÁ PARA DIZER, ALI DEMONSTRADOS."

Este vídeo assim como o comentário que destaco foram-me enviados por um grande amigo (A.F.) . Já vi várias vezes o vídeo e em todas elas os meus olhos brotaram lágrimas...será preciso aprendermos a ser forcados para sermos solidários uns com os outros?

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

HOJE É DIA DE PÃO POR DEUS

(Para falar da solidariedade social)


Hoje podemos ver magotes de crianças com sacas de cozinha na mão a percorrer as ruas, bater às portas, entrar pelos cafés, desinibidas, a pedir «pão por Deus». No passado e na região de Leiria, dizia-se «pedir o santoro» (do latim, «santorum», dos santos - pão dos santos) que era uma merendeira doce que os mais abonados coziam (e alguns ainda cozem) para oferecer neste dia. Uns ofereciam merendeiras; outros, frutos secos, rebuçados, uma pequena moeda...
Trata-se da sobrevivência dum antigo costume rural que tinha a função social de manifestar a solidariedade entre a vizinhança (o pão recebido podia satisfazer uma família durante alguns dias). Os mais abonados manifestavam-se solidários dos mais pobres, e todos passavam por bons vizinhos porque cada um oferecia do que tinha. Com a mudança sociológica dos últimos quarenta anos, o costume foi recuperado pelas crianças. A função social do costume mudou:; já não visa a satisfação das necessidades dos mais pobres. As crianças integraram-no na sua visão da vida e transformaram-no numa forma de lazer: sair de casa, percorrer as povoações, pedir para si, constituir um pecúlio (de moedas ou de bombons...). E passou a ser o «dia das crianças». Aí vão elas a fazer pela vida. Metem tudo o que lhe derem na saca. O que «ganham» é para elas, como se de uma garantia de autonomia se tratasse... Lazer infantil, certo, mas o ambiente continua a ser de solidariedade.
O dia 1 de Novembro podia bem ser consagrado o Dia Português da Solidariedade. Porque é que só vamos atrás dos «dias mundiais» disto e daquilo? «Há tantos ‘dias mundiais’ que já não fazem mossa», ouvi há dias. A solidariedade deve ser em todos os dias, mas o de hoje podia ser o seu dia oficial, simbólico. Como as crianças recuperaram para si o velho costume, elas próprias podiam, neste dia, serem levadas a reflectir no valor social da solidariedade.
A solidariedade social é o grande tema do presente, e com futuro. Também este sofreu uma evolução. Outrora, a partilha chamava-se caridade, assistência, misericórida... um valor religioso. Hoje, a solidariedade é um dever individual e colectivo, inscrito na estrutura do Estado e nos programas dos governos e das organizações supra-nacionais. Grande mudança. Na concepção tradicional, as populações só se sentiam obrigadas à solidariedade para com os seus conterrâneos e desde que estes fossem submissos, virtuosos, ortodoxamente religiosos, retribuidores ou agradecidos. A caridade era uma virtude privada; os estados não tinham essa atribuição. Com a modernidade, a solidariedade compete a todos em favor dos necessitados sem descriminação. No entanto, organizá-la e instituí-la constitui uma atribuição dos poderes públicos Só por estas mudanças, a modernidade - que muitos criticam sob vários aspectos - vale bem a pena.
Em Portugal, onde a modernidade veio tarde e se confunde com, apenas, as tecnologias, a solidariedade social ainda não é um valor tão afirmado como noutros países. No orçamento do estado português, a solidadriedade social já absorve uma boa fatia dos impostos (doença, desemprego, reforma, inserção social, socorros internacionais...). Mas ainda é pouco. Repare-se que os contribuintes se queixam muito (e com razão) do mau destino que é dado aos seus impostos. No entanto, quando gastos nas áreas da solidariedade social, nunca os ouvimos dizer que são mal empregues.
Os políticos e os autarcas deviam pensar nisso. A solidariedade social é a melhor «bandeira» que se pode arvorar em política. Se estivesse nas minhas competências dar-lhes conselhos, dir-lhes-ia que, em vez de gastar os impostos do povo em obras de prestígio e de fachada, ostentatórias, fingidoras de riqueza e com um valor simbólico relativo, fariam «muitos mais amigos» (no seu caso, eleitores), se os dedicassem prioritariamente à solidariedade social que, essa sim, é um valor de futuro, absoluto e universal.
Moisés Espírito Santo (sociólogo) In Jonal de Leiria 1 de Novembro de 2007

sábado, 27 de outubro de 2007

“Quando o antigo é um privilégio


A fiel reabilitação do Hotel Palace do Capitão, em São Martinho do Porto,
foi distinguida com o Prémio de Arquitectura Eugénio dos Santos,
da autarquia de Alcobaça

Quem vê hoje o Hotel Palace do Capitão, altivo e senhorial, desfrutando de uma vista desimpedida sobre a serena baía de São Martinho do Porto, não faz a menor ideia do desafio imposto a José Luís Fortunato, o actual proprietário, que apostou na sua reabilitação.

Gerir as exigências inerentes a um edifício classificado como património municipal e transformá-lo num hotel de «charme», conciliando as imposições da Direcção-Geral do Turismo e do IPPAR (Instituto Português do Património Arquitectónico), não foi tarefa fácil. Porém, o esforço valeu bem a pena e o projecto de reabilitação, da autoria do arquitecto Sousa Lopes, foi recentemente distinguido com o Prémio de Arquitectura Eugénio dos Santos, da autarquia de Alcobaça.

Reconstruir no sentido mais puro, recuperando o espírito clássico e distinto de outras épocas, foi a intenção da família Fortunato ao investir na conversão desta casa apalaçada, outrora pertença a uma das figuras mais ilustres da terra, o capitão Jaime Granger Pinto.

Edificado em 1917, segundo um projecto do arquitecto Ernesto Corrody, o palacete é um exemplo do estilo Arte Nova, que os actuais proprietários fizeram questão de manter. «Tentámos que a casa ficasse exactamente igual ao que era. Da fachada aos interiores e aos azulejos que faltavam. Com os azulejos datados do início do século passado tivemos até muita sorte, pois o capitão Granger guardou uma caixa extra, para uma qualquer eventualidade. Quem diria que quase cem anos depois seriam mesmo utilizados e dariam tanto jeito?», conta Tânia Fortunato, directora da unidade hoteleira e filha do proprietário.

Das escadarias aos murais e vitrais, passando pelos gessos que adornam os tectos, nenhum pormenor foi descurado. «Até a cor da fachada tinha de se aproximar o mais possível do salmão alaranjado envelhecido da cor original», reforça a responsável.

Pai e filha insistiram em manter a linha clássica, até na decoração e acessórios. «Achamos que o antigo é um privilégio. Por isso nem as portas quisemos das mais modernas e mantivemos o estilo de cortinados pesados, típicos daquele tempo, em tons «bordeaux». Já para não falar das camas, que são todas estilo D. Maria», realça a directora do espaço, que foi também a responsável pela decoração do hotel, complementando o trabalho do pai, que através da empresa Fortunato Construções reconstruiu o palacete.

Os onze quartos recuperaram o estilo de outrora, cada um ostentando uma cor, uma cama D. Maria e um tecto em gesso diferentes. Em comum conservam a ambiência clássica conjugada com os habituais confortos modernos, como a net ou o ar-condicionado.

Apesar de satisfeita com o reconhecimento conferido pelo prémio, Tânia Fortunato não poupa críticas às morosas burocracias que emperram os projectos de quem quer investir: «Este prémio é um estímulo, mas não compensa a espera dos três anos para abrir o hotel devido às várias exigências das entidades envolvidas, com investimento parado. Aqui, em São Martinho, os palacetes foram quase todos destruídos e no seu lugar nasceram novos edifícios. É muito injusto para quem quer investir na reabilitação».

Do Jornal Expresso do passado sábado.

Faço notar que esta reabilitação se ficou a dever a um investidor particular, que passou as passas do Algarve para conseguir desbloquear todo o processo burocrático que demorou três anos. E para recuperar um palacete na marginal de São Martinho do Porto, com esta qualidade. É preciso coragem, se atender-mos à rapidez com que são aprovados alguns “mamarrachos” nesta Vila.

Parabéns ao Hotel Palace, ao seu proprietário Sr. Fortunato, a sua filha Tânia Fortunato e a São Martinho do Porto. Finalmente a qualidade...
José Gonçalves

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Tribunal Constitucional: PSD recebeu financiamento ilícito da Somague em 2002




O PSD recebeu ilegalmente em 2002 mais de 233 mil euros em donativos indirectos da construtora civil Somague, revela um acórdão do Tribunal Constitucional, citado pela Lusa.

O Tribunal Constitucional deu como cabalmente provado que a Somague, SA pagou uma factura no valor de 233.415 euros por serviços prestados ao PSD e à JSD pela empresa Novodesign, embora afirme "ignorar o que fundamentou tal liberalidade", refere o acórdão, de 27 de Junho passado.
O documento, que já seguiu para o Ministério Público, conclui que o PSD violou a lei do financiamento dos partidos incorrendo em "ilegalidades objectivas" puníveis com coima não só ao partido como aos dirigentes partidários responsáveis, e perda a favor do Estado dos valores ilegalmente recebidos.

Por outro lado, as empresas envolvidas estão igualmente sujeitas a coimas, de acordo com a lei.
A factura suspeita foi detectada em 2006 durante uma inspecção do fisco à sociedade Brandia Creating - Design e Comunicação, na qual se integra a Novodesign, Companhia Portuguesa de Design.

Os inspectores encontraram uma factura emitida à Somague, com a data de 15 de Março de 2002, no valor de 233.415 euros, e outras sete, com a mesma data, cuja soma dava os mesmos 233.415, com a indicação "por serviços prestados ao PPD/PSD.
O pagamento por terceiros de despesas que aproveitam a um partido político é considerado um donativo indirecto, ilegal fora dos limites previstos, de acordo com a lei.

O TC aplicou a legislação em vigor em 2002, "mais favorável ao arguido". Donativos de pessoas singulares são aceites mas com um limite de 30 salários mínimos mensais por doador - à altura, 10.440 euros.

Durante a investigação, os inspectores da Polícia Judiciária verificaram que as sete facturas emitidas ao PSD tinham sido anuladas - a sigla tinha sido riscada e substituída pela da empresa Somague, SA.

Anexo às facturas, estava um documento interno que, na prática, dava a ordem para transformar as sete facturas emitidas ao PSD numa única, a emitir à Somague-S.G.P.S., SA.

A situação foi denunciada o ano passado pela Direcção-Geral dos Impostos à Entidade das Contas e Financiamentos Políticos (ECFP), que desde 2005 coadjuva tecnicamente o Tribunal Constitucional na análise das contas partidárias.
A acompanhar a denúncia foi uma informação da Direcção de Finanças de Lisboa com o exercício de 2002 da Somague - Sociedade Gestora de Participações Especiais.

Como os factos datam de 2002, e a ECFP só entrou em funcionamento em 2005, o procurador-geral adjunto em funções no Tribunal Constitucional remeteu os documentos ao Ministério Público, que promoveu a investigação suplementar, num processo que envolveu a ECFP e a Polícia Judiciária.

Nos fundamentos do acordão, para além das provas documentais, o tribunal valorizou os depoimentos de alguns responsáveis da Novodesign, que confirmam que os serviços foram efectivamente prestados ao PSD e à JSD e que, posteriormente, foram facturados à Somague. "Os elementos constantes dos autos provam que os serviços referidos nos sete pedidos de factura da Novodesign, emitidos em 15 de Março de 2002, no valor global de 233.415,00, foram prestados ao PPD/PSD e à JSD, mas foram facturados à Somague e pagos por esta sociedade, embora se ignore o que fundamentou tal liberalidade", refere o acórdão.

Contactado pelo Tribunal Constitucional no âmbito do exercício do contraditório, o PSD referiu que uma das sete facturas que lhe foram endereçadas foi liquidada por cheque e acrescentou que não foi encontrado qualquer registo das restantes.

Segundo o acórdão, o PSD acrescentou não estar "habilitado a prestar quaisquer outros esclarecimentos" por falta de suporte documental e por impossibilidade de contactar, "por ponderosas razões de saúde", então secretário-geral adjunto, responsável pela área administrativa e financeira.

As contas do PSD de 2002, bem como as dos outros partidos, já tinham sido julgadas em acórdãos de 2005 e de 2006 que multaram os partidos infractores e os responsáveis financeiros por irregularidades.

Apesar disso, o tribunal justificou a abertura de uma investigação suplementar afirmando que os dados novos de que teve conhecimento constituem "uma infracção autónoma" relativamente às infracções que foram sancionadas em 2005.

In: Luís Ramos/PÚBLICO (arquivo)

21.08.2007 - 12h59 Lusa

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Neste caso está Diogo Vaz Guedes, do movimento Compromisso Portugal, que vendeu a Somague aos espanhóis, o deputado europeu do PSD José Luís Arnaut, então ministro do governo de José Manuel Barroso, presidente da União Europeia !!! e Vieira de Castro que muito doente parece ir acabar sendo o bode espiatório ideal...

Quando é que os políticos portugueses dignificam a sua actividade, cumprindo a lei que lhes é aplicável?
E, como é que homens deste calibre pretendem ser governo de Portugal e impôr ordem e legalidade aos cidadão?!...

É a pouca vergonha total.
Esperemos para ver qual a punição que será aplicada, se é que alguma vez vai ser.

Já é hora de TODOS os políticos serem responsabilizados pelas ilegalidades que, conscientemente, cometem, para benefício próprio ou do aparelho político a que pertencem.





quarta-feira, 15 de agosto de 2007

LIÇÕES DA SOCIEDADE DE CONSUMO





"O suplicio de Tântalo atormenta os pobres. Condenados à sede e à fome, estão também condenados a contemplar os manjares que a publicidade oferece.



Quando aproximam a boca, ou estendem a mão essas maravilhas afastam-se. E se algo agarram, lançando-se ao assalto, vão parar à prisão ou ao cemitério. Manjares de plástico, sonhos de plástico.
É o plástico o paraíso que a televisão promete a todos e a poucos outorga. Ao seu serviços estamos.



Nesta civilização, donde as coisas importam cada vez mais e as pessoas cada vez menos, os fins foram sequestrados pelos meios: as coisas compram-te, o automóvel maneja-te, o computador programa-te, a TV Te Vê ".


desenho de elroto

terça-feira, 7 de agosto de 2007

"Porque eu sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura..."

Fernando Pessoa

terça-feira, 24 de julho de 2007

Procure ser uma pessoa de valor, em vez de procurar ser uma pessoa de sucesso.
'O sucesso é consequência'
Albert Einstein

domingo, 8 de julho de 2007

Monumento maravilha

Não queria, de modo algum, com a minha modesta opinião sobre esta eleição, influenciar contra o voto no Mosteiro de Alcobaça, razão pela qual, só agora me pronuncio.
pontos positivos:
  • por cafés, rádios, jornais, blogs, etc foi-se falando muito de Alcobaça.
  • O turismo deste concelho têm muito a ganhar com a divulgação nacional e internacional do evento (assim saiba aproveitar o facto).
  • O director do mosteiro mostrou, mais uma vez, ser um grande Homem e um amante de Alcobaça.
  • ficámos a saber que a câmara tinha disponiveis 150 000 euros e que, não está, por isso, "com a corda na garganta"!

- espero que os fornecedores a quem deve facturas, pensem o mesmo e, finalmente, recebam os montantes em dívida! que os deficientes passem a poder conhecer o monumento através de um acesso por uma rampa ou elevador, que possamos entrar como qualquer convidado digno, pela porta da frente (basta um corredor central, para não estragarmos os sapatitos....),etc.

  • ficámos, ainda, elucidados sobre o progresso da mais velha profissão do mundo, que aderiu ao plano tecnológico - a prostituição - bom, já chegou à votação das sete maravilhas (palavras do dr Sapinho, pois eu não me atreveria a tanto, ainda me colocavam um processo por difamação!)
  • conseguimos recordar (nas fotos de apresentação do monumento na tvi) a maravilhosa entrada verde e fresca do mosteiro - ou era outro monumento e eles... enganaram-se?
  • conseguimos ensinar história ao Luis de Matos, tendo contribuido para alargar a sua cultura geral (e a carteirita, também!)
  • tivemos o raro previlégio de ver um sapo a descer as escadas (aos trambulhões, é certo!) do magnifico estádio da Luz, inchando a cada degrau como se lhe estivessem a dar vida.
  • Ajudámos, significativamente, a encher os bolsos da pt, vodafone, optimus, tmn, etc
  • e, nem nos queixámos quando nos disseram que havia prioridades e que, a promoção do mosteiro e as verbas dispendidas eram prioritárias em relação à falta de saneamento básico e estradas e hospitais deficientes.

pontos negativos:

  • Depois de tantos pontos positivos, poderá alguém, no seu mais perfeito juizo, encontrar um ponto negativo neste processo?

sexta-feira, 6 de julho de 2007

A lei de Gresham


" A má moeda tende a expulsar do mercado a boa moeda".

No fundo é um princípio económico que formula a ideia de que as moedas que têm valor pleno em termos de metal precioso tendem a desaparecer quando circulam num sistema monetário depreciado.

Ou seja, na época em que o valor do dinheiro equivalia ao seu peso em ouro ou prata, se houvesse quebra da moeda (o rei ou o governo decidisse cunhar moeda com o mesmo valor nominal, mas com menos teor em ouro ou prata), então os possuidores da moeda antiga preferiam guardá-la, porque embora o valor nominal para as transacções no mercado fosse o mesmo, ela valia intrinsecamente mais. Assim, pouco a pouco, as transacções faziam-se usando apenas a má moeda, enquanto a boa moeda era entesourada nos baús caseiros.

Quando Cavaco Silva relembrou a Lei de Gresham, num artigo publicado no Expresso, a generalidade da opinião pública viu, por detrás das palavras do actual Presidente da República, a intenção (e a acção) que sacudiu Santana Lopes da presidência do governo. O próprio Santana Lopes, entre tantas queixas de desabafo salientou, umas vezes directa, outras indirectamente, o empurrão com que o seu ex-presidente o desequilibrou. E a leitura ficou por aí.

Cavaco Silva, interpelado sobre o assunto, respondeu que a sua afirmação não visava ninguém em especial mas a classe política em geral.

Parece-me pertinente o relançamento deste tema, visando particularmente o quadro político das autarquias – Juntas e Assembleias de Freguesia, Câmaras e Assembleias Municipais.

domingo, 1 de julho de 2007

UMA CASA «À PORTUGUESA» COM CERTEZA


Um texto do sociólogo e professor universitario Moises Espirito Santo, publicado no Jornal de Leiria, na edição de 14/672007. Achei por bem trazer este tema ao Gentes e Frentes. Informo que o mesmo artigou gerou polemica, na edição seguinte, do mesmo jornal, devido à sua pertinência e extrema actualidade mas também porque exprime um modo de ser bem português.

"Há muito para dizer sobre o tema. Comecemos por isto: o Banco Europeu faz subir as taxas de juro que vão atingir a habitação dos portugueses. Muitos deles terão de se desfazer da casa que compraram a crédito porque a Banca não perdoa. Pensaram, ingenuamente, que a vida ia de vento em poupa e empenharam-se na compra duma habitação caríssima. Como em todos os países modernos? Falso. Estamos perante um problema económico que é um efeito da cultura (entendida como «o modo de pensar e de agir») porque tudo é regido pela cultura, incluindo a economia. Nesta concepção de «casa», um valor da cultura tradicional persistente faz estragos na modernidade. Nestes últimos 50 anos, cultura portuguesa mudou menos do que se pensa: melhoraram-se os consumos, os hábitos e as tecnologias, mas o essencial continua.

O facto é que os portugueses pressupõem que, na modernidade, a regra é a compra da habitação. Ora, esta era uma regra da ruralidade. Na cultura rural (sejam quais forem as sociedades), o princípio é que cada agricultor ou aldeão tenha a «sua casa» integrada nos seus campos. A habitação da família era o seu berço, a sua raiz na terra, a sua marca no solo, a sua presença na paisagem, a condição para a parceria aldeã, a prova da existência, a estabilidade (ou fixidez) social e a sua câmara mortuária.
Contrariamente a isto, o princípio das culturas urbanas é o da casa arrendada. Na Europa, para o comum das pessoas, por «viver na cidade» entende-se que é em casa arrendada. Esta diferença marca duas culturas. Só a casa arrendada se coaduna com a premente mobilidade social ascendente ou descendente (subir ou descer no estatuto social) e com a mobilidade geográfica (necessidade de mudar de residência: se se perder o trabalho num sítio procura-se trabalho e casa noutro; alargando-se a família arranja-se casa maior; separado o casal, cada qual procura outro domicílio, etc.). Com o mínimo de traumas.
Nenhum estado moderno tem interesse em fixar os habitantes a um sítio. Muito menos concede benefícios fiscais à compra de casa. Á economia (capitalista ou socialista) convém sobretudo (é uma condição sine qua non) a mobilidade dos trabalhadores, a sua deslocação para onde há trabalho ou para desenvolver as regiões deprimidas. Só este exemplo: em 1988, no município de Paris (7 milhões de habitantes) o sistema de «casa própria» não ultrapassava os 28% das habitações familiares.Esta diferença bastaria para ilustrar o fosso cultural existente entre nós e os outros europeus. As concepções rurais, específicas das aldeias, passaram-se para as cidades.
Chamamos a isso rurbanização, quer dizer, transferência da ruralidade para a civilização urbana. A «casa própria» é um atavismo rural que persiste sob a capa da modernidade. É por isso que o País se vai tornando num imenso subúrbio, nem rural nem urbano, rurbano, sem áreas desafogadas para empreendimentos que exijam largos espaços, um país atravancado com casas, e com cada vez menos qualidade ambiental. O atavismo cobriu todo o território e compromete irremediavelmente o futuro - um enorme desperdício macro-económico. A paisagem do Litoral já é tão só uma teia de casas. É claro que os lucros fabulosos da Banca portuguesa se devem a este resquício rural da «casa própria»".

sábado, 23 de junho de 2007

CHAPEAU AO VEREADOR DA CDU EM ALCOBAÇA




Afinal ainda há politicos com sentido comum em ALCOBAÇA...


"...Termino o agir triangulando, de hoje, com C de CONCURSITE, das 7 Maravilhas! Nos primeiros tempos achei que devíamos puxar pelo voto certo na nossa inquestionável Maravilha, no nosso Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, classificado pela UNESCO, Património Mundial, há quase duas décadas. Depois apercebi-me que a TVI e a organização, queria recolher receitas, permitindo que qualquer um possa votar centenas de vezes por telefone. Mais grave foi saber que o Presidente Sapinho não tinha mais nada que fazer do que votar dezenas de vezes, quando viajava no nosso automóvel. Depois, ao ver que a maioria da Câmara e a Junta de Freguesia de Alcobaça incentivavam a que as pessoas gastem dinheiro (“o Truque é votar”), exclamei: “Caramba, isto é demais”!!! Até chegaram ao cúmulo de irem premiar quem gaste mais dinheiro em telefone. É claro que o que deviam ter feito é denunciar e acabar com este logro. O que deviam era ter agido junto dos organizadores para limitar um voto por cada telefone, como é possível tecnicamente fazer. Deixei os “truques” e, para mim, passou a ser a hora de denunciar esta parvoíce! Fiquei a saber que a operação de propaganda e promoção do Mosteiro, por iniciativa da câmara custa 150 mil euros… Vou tentar descobrir em quê… Entretanto não me venham dizer que têm de cortar nas verbas para as colectividades, por exemplo, quando os Ranchos Folclóricos vão representar condignamente Alcobaça junto das nossas comunidades emigrantes, ou quando uma orquestra vai representar o concelho num concurso nacional!!! "

Rogério Raimundo

Vereador PCP

CMAlcobaça

quarta-feira, 13 de junho de 2007

MARAVILHA OU DESPERDÍCIO?!...


" (...) De todas as Câmaras contactadas, a de Alcobaça foi a única que reconheceu ter apostado forte na promoção do seu mosteiro.(...) entre 100 a 150 mil euros (...)

A autarquia recorreu aos serviços de uma empresa de consultadoria que definiu os moldes da campanha. (Vitor Frutuoso, presidente da câmara municipal de Marvão, adianta que também foi contactado por uma empresa que pretendia promover o castelo. O preço base era 50 mil euros. O autarca declinou (...)

Em Alcobaça, aquele momtante foi também utilizado para pagar os direitos de imagem de Luis de Matos, que dá a cara pelo mosteiro(...)"


In: Jornal o Público. Segunda Feira, 11 de Junho de 2007


Ao ler esta notícia fiquei, na qualidade de munícipe de Alcobaça, envergonhada.

Afinal, em Alcobaça, há milhares de munícipes sem saneamento básico, estradas camarárias feitas de buracos de alcatrão e terra, esgotos a céu aberto a desaguar para os rios Alcoa e Baça, equipamentos sociais avariados e sem servirem o interesse público (exemplo disso é o elevador do passeio pedonal que antes, ou logo que foi aberto ao público foi avariado e nunca reparado...), escolas a necessitarem de apoios para funcionamento, edifícios públicos (camarários e outros) a violarem a lei por não cumprirem a regulamentação legal das acessibilidades, ignorando deste modo todos os cidadãos que sofrem de incapacidades motoras e visuais e tantas outras carências primárias ...

Apesar de tudo isto, a prioridade da Câmara Municipal de Alcobaça é trazer a Alcobaça um "mágico" para dar a cara pelo nosso Mosteiro?!...

Gastar 150 mil euros dos contribuintes alcobacenses para puro folclore?!...

Será que alguem pensa que o Luis de Matos vai salvar Alcobaça do marasmo em que mergulhou?

Afinal, onde é que mora o respeito pela dignidade e bem - estar dos munícipes?!...

domingo, 10 de junho de 2007

VALE A PENA OUVIR E PENSAR...



...APESAR DOS POUCOS ASSISTENTES NA SALA.

terça-feira, 5 de junho de 2007

A LENDA DO LAGO

A LENDA DO LAGO

N’aquela tarde calma. Fora a pesca abundante,
Sant’António do seu nicho, assiste vigilante
À faina. Os pescadores largam já d’amarra
E, como o mar manso,lá vão de proa à barra
Alegremente em fila, o porto demandando.
O leme vai na orça, velozes vão passando
Na linha da “ carreira “. Em frente da capela;
O Santo vai contando, um por um, vela por vela.

O sol é posto já. Traiçoeiro a refrescar
O vento aflige o Santo e atormenta o mar.
Toldou-se o céu também, logo a terra escureceu
E no regaço o santo Jesus adormeceu.
Já nas ondas envergam os novelos d’espuma
Mas, na conta das velas, inda falta uma!
Nos lábios d’António, trémulos d’amargura
Alguma praga ao mar, entre as preces se mistura.

Um ponto branco, ao sul, lá longe entre a procela,
Traz rumo aproado, à alvura da capela.
O bom do Santo ao ver, esse asa de gaivota
Que, tão audaz procura. A linha da derrota,
Empalidece, e treme, temendo-lhe o destino.
Não se atreve porém a acordar o seu Menino.
E murmura: “Jesus, Senhor! A vaga é tão alta”
“E aquela vela é, a mais pequena que me falta”

Enquanto Dura a luta, entre o mar e a vela
António nota já, não ser deserta a capela.
Uma pobre mulher, nos degraus ajoelhada
Cinge contra o seio, uma cabecita dourada;
No seu ardente olhar e nos olhos da criança,
O ponto branco brilha, como um farol d’esperança
E o pescador afoito, aproa sempre a vela
Ao vulto da mulher, à brancura da capela

O mar redobra a fúria, é um leão rugindo
E tranquilo Jesus, no regaço vai dormindo;
Mas avistando o pano, roto já p’la rajada
A cabecita d’ouro exclama apavorada:
“Ó mãe? Ó minha mãe?”
“É o meu pai, quelá vem?!”
N’isto; o Menino acorda e mui mal humorado,
O aio santo increpa, de sobrolho carregado;
“O que foi isto António?” – “Quem foi que se atreveu?”
O Santo aponta a medo, a vela, o mar, o céu.

Nos olhos da mulher, onde a vela é agravada
Uma lágrima... Uma pérola pendurada.
Desvairado ao vê-la, implora Sant’António:
“Senhor... fazei bonança... O mar é um demónio... “
Jesus serenamente, do nicho então desceu,
Com uma mãozita em concha, a pérola colheu,
O seu rosado braço, enérgico balança
E às ondas infernais, a humilde jóia lança.

Depois... sorriu ao Santo com divino afago
E no mar, defronte da capela, fez-se um “lago”


UM PESCADOR
( O autor destes versos é desconhecido sendo atribuido a um pescador da época)

CAPELA DE SANTO ANTÓNIO – S. MARTINHO DO PORTO

A Capela de Santo António situa-se num cabeço conhecido pelo Morro de Santo António. Segundo consta, a sua origem remonta á época muçulmana, altura em que ali teria sido erigida uma pequena mesquita. Com a reconquista cristã, esta mesquita teria sido destruída e em seu lugar teria sido edificada uma capela dedicada ao Santo que lhe dá nome, que do alto de sua capelinha foi e ainda é refugio e amparo dos pescadores nas horas difíceis, embora nos dias de hoje eles sejam cada vez menos.

Escondidos no imaginário ficaram as lendas e superstições relacionadas com esta capela e com os feitos do Santo sempre pronto a proteger os pescadores que se entregaram ou entregam à sua protecção. A mais conhecida é sem dúvida a “LENDA DO LAGO”, escrita em verso, em bonitos azulejos que se encontram na frente da capela. Pena que mal tratados. Fala de um barco que entre muitos outros, saiu para a pesca num dia calmo. De repente o mar ficou embravecido e Santo António, sempre vigilante, depois de contar as velas e verificando que lhe faltava uma, tendo o menino Jesus adormecido no seu regaço, por ele chamou e este acordando transformou o mar em lago, salvando os pescadores. E assim nasceu a lenda.

quinta-feira, 31 de maio de 2007

Distinção - Blog com Tomates


Foi atribuído ao nosso blog (Alcobaça : Gentes e Frentes), pelo blog Do Mirante, o prémio Blog com Tomates, que agradecemos.

Em conformidade com o estatuto do prémio, seleccionámos, por ordem alfabética, e com o cuidado de não repetirmos nenhum já seleccionado, os seguintes blogs:

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Aeroporto da Ota


A construção do novo aeroporto de Lisboa, tem sido alvo de vários estudos, suportados por vários Governos, e efectuados ao longo de muitos anos.

Na sequência da decisão do Governo, em avançar com a construção na OTA , têm sido desenvolvidos outros com vista a potenciar uma maior qualidade de vida na região Oeste, donde se destacam o Plano Regional de Ordenamento do Território do Oeste e Vale do Tejo – PROT-OVT, a Estratégia de Desenvolvimento do Oeste 2020 e o Estudo Integrado da Mobilidade, Acessibilidades e Sistema de Transportes nos concelhos integrantes da Associação de Municípios do Oeste.
A construção do novo aeroporto da Ota será factor de maior desenvolvimento para a região.

Certamente que se instalarão novas indústrias e outros sectores de actividade, bem como permitirá uma modernização e reorganização das plataformas logísticas existentes.

Deste modo, considero que a recente polémica instalada sobre a localização do aeroporto prejudica seriamente, não só os interesses da região, como também os interesses nacionais podendo conduzir ao desinteresse de investimento na região.

Penso que para o concelho de Alcobaça, seriam inegáveis as vantagens da construção do novo aeroporto na Ota, possibilitando um crescimento qualitativo e quantitativo no nosso turismo.

terça-feira, 22 de maio de 2007

DISCURSO HIPÓCRITA E MENTIROSO

Excertos de um artigo de opinião no jornal A Bola de 17 de Maio de 2007 de autoria de Jorge Olímpio Bento

... é preocupante a situação de desemprego que afecta dezenas de milhar de jovens licenciados de verdade.

...O desemprego de tantos milhares de licenciados (e já de mestres e doutores) é um problema muito grave não só para os atingidos, mas sobretudo para o presente e futuro do país. É contra todos os princípios de humanidade e justiça, de equidade social e de visão estratégica e politica que se deprecia o investimento feito pelos jovens e suas familias e que se desperdiça um tão elevado capital de conhecimento e formação.

Os jovens em causa construiram sonhos e ideais, conceberam projectos superiores de vida, concluiram os seus cursos cheios de ambições, com força de vontade e criatividade, com enorme potencial de dinamismo e renovação, dispostos a dar o melhor de si à comunidade – e em cima de todo este manancial de euforia, esperança e optimismo é derramado um balde de desconsideração e péssimismo. À espera deles estão o vazio, a descrença, o desprezo, a desconsideração, a frustração e o desespero. Afinal estudaram, esforçaram-se, trabalharam, investiram – e não foi pouco – e não vêem nada reconhecido. Ouviram e ouvem a toda a hora – da boca dos politicos em geral e dos governantes em particular; dos donos das grandes empresas e serviços, dos peritos em relatórios e dos oráculos dos órgãos mediáticos – que o país carece de mais licenciados, mestres e doutores e são agora obrigados a confirmar que todos esses discursos e declarações não passam de logro e hipócrisia.

Quando e como é que estes jovens vão constituir familia? Quando é que vão alcançar um emprego decente? Se o conseguirem, será quando as suas melhores energias estiverem gastas e as suas ilusões sufocadas pela dúvida, pelo desencanto, pela frieza e ansiedade, isto é, quando estiverem exauridos do potencial de entusiasmo e inovação, de entrega generosa e transburdante que por certo levariam para a sua profissão. Se o país trata assim os seus jovens, se os condena a serem vencidos da vida, que presente quer afirmar, que amanhã quer construir?!

As implicações desta realidade são diversas e profundas e mostram que o país não é pensado a sério, que se mente e mantém a farsa em todos os sectores, que há corporações com interesses nada sintonizados com a formação sólida de quadros. Não se deseja transcender a barreira do obscurantismo. O que se quer é gente formada pela rama e à superficie em cursinhos feitos a correr, gente que possa ser fácilmente ludibriada e manipulada, submissa e incapaz de se pensar a si, aos outros, ás coisas e causas, de erguer questões e problemas e a quem seja paga uma ninharia. Isto é a pura verdade. É esta a formação que interessa; a outra – exigente, alargada e profunda – é indesejada.

...Enfim, é este o país que temos e queremos ter, com os actos e factos a desmentir as palavras.

Preocupante, acrescento eu, porque para além de tudo isto, não raras vezes deparamos com jovens licenciados a exercerem profissões completamente desajustadas dos seus cursos, porque de empregos... estamos todos elucidados, poucos ou nenhuns se criam.

Assitimos paralelamente a um aumento substancial de desemprego, o que vem agravar ainda mais os problemas de todos os nossos jovens, e é um sinal de que os que existem vão sendo paulatinamente encerrados.

Que país é este? Que governantes são estes? Que futuro vai ser o dos nossos jovens?

Que futuro vai ter este país? Quem souber que responda!

sexta-feira, 18 de maio de 2007

"AZNAR SEM TRAVÕES"



De um amigo de Espanha, recebi um mail, a indicar-me este vídeo para ver a figura que o anterior presidente do Governo Espanhol José Maria Azar, fazia entre amigos “en medio de copas de vino”. O meu amigo designa este ex-governante, de “ estúpido personaje que no hace otra cosa que ensuciar el nombre de nuestro país allá donde va (...)mira (…) y le verás diciendo las tonterias del vino en contra de la Dirección General de Tráfico de España” .

A mesma exibição foi abertura do noticiário da CUATRO, em 4 do Maio ultimo, causando uma enorme polémica. Mas o importante da postagem é ver-se pela peça, a atitude da imprensa espanhola que é acutilante e critica para chamar à razão os telespectadores sobre aqueles que ofendem a dignidade do Estado e das instituições mesmo sendo figuras de primeiríssima linha. A imprensa toma partido, é critica e acutilante sem perder o sentido de bem publico que deve de ter como realidade que ajuda a construir e a formar o espírito de sociedades evoluídas e com poder de autocrítica. Ao contrario a imprensa portuguesa é amorfa, subserviente e bajuladora e não toma partido de nada. Pelo vídeo podemos ver ainda o tipo de pessoas que têm governado o mundo e recordo que este senhor, foi um dos principais promotores de uma guerra desnecessária, com os resultados que todos conhecemos. Veio ainda a Portugal apoiar o PSD numas eleições legislativas... todo um exemplo de dignidade e cidadania.

sexta-feira, 11 de maio de 2007

COMO EXPLICAR O QUE ERAM AS ALDEIAS ?





Este artigo foi publicado no JORNAL DE LEIRIA, na edição de 10 de Maio de 2007 e é da autoria de MOISES ESPIRITO SANTO (Sociologo e professor Catedrático da Universidade Nova de Lisboa). Como o tema está na ordem do dia e na nossa região as aldeia estão quase todas mortas, resolvi transcreve-lo e também porque o tema é caro ao António Delgado e já foi motivo de postagens no seu Ecos e Comentários.


"Como explicar aos jovens de hoje o que eram as aldeias portuguesas há quarenta anos? Por algumas fotografias e sequências de filmes podemos ver casas, ruas, pessoas e cenas agrícolas, mas não mostram aquilo que fazia com que uma aldeia fosse um microcosmos da cultura, um espaço fortemente integrador com um intenso poder de investimento afectivo, e um estreito círculo de solidariedade (com muita desconfiança relativamente aos «de fora»).

Eram um mundo de trabalho, de paisagens agrícolas miscigenadas de hortas, vinhas e olivais com árvores frondosas à beira das estradas; um ambiente de cheiros a fumo de lareira, a feno colhido, a palha moída ou a mosto; miúdos a correr e a jogar; patuscadas nocturnas da rapaziada; abundante criação musical e poética; histórias de vida contadas na adega; mexericos de velhas; olhares furtivos à passagem dum estranho; forte controle social. A cultura aldeã dava para vários tratados sociológicos. Nos anos 60, grupos de estrangeiros de classe média passavam parte das férias em Portugal a observar o sistema social aldeão; mas não só as aldeias «típicas»: qualquer aldeia. Todas eram primorosas criações da cultura rural: casas e varandas convidativas, elegantemente modestas com briosos ajardinamentos, caminhos de terra tortuosos e sombrios propícios ao devaneio onírico e aos medos nocturnos, conversas à porta e à janela, uma forte ligação casa-trabalho-rua e muito sentido de hospitalidade para que os «os de fora» fiquem com «boa impressão da gente».

A criação musical e poética era simplesmente notável. Podemos ver uma amostra no livro «Cancioneiro de Entre Mar e Serra da Alta Estremadura», de José Ribeiro de Sousa (editado pela C.M. de Leiria, 2004). O autor, sem sair da Costa de Baixo (uma «metade» da Costa, a outra é Costa de Cima, da freguesia de Maceira) coligiu, desde os anos 40, 1.027 peças de música popular e respectivos poemas, sacros e profanos, para as mais variadas situações da vida: ciclos do pão, do vinho, do azeite e do pinhal; cantares da água, das fontes e do rio; cantigas da lavra, do semeador, da sacha, da rega, das colheitas e das eiras; ciclo festivo anual; cantares das profissões; loas de romaria, cantigas de namoro; cantares sobre a toponímia local, sobre a vida familiar e social, cantigas do bom e de mau humor e da reinação, romances e xácaras… só para dar um exemplo do que o meticuloso autor deixou para a posteridade ao longo de 1.251 páginas em papel bíblia belamente encadernadas. «Mas [diz o autor] a Costa de Baixo em fins do primeiro quartel do séc. XX era muito diferente da actual e tinha um aspecto impossível de reconstituir. A quase totalidade das casas ditas ‘rabudas’ (com alpendre ou varanda) foi demolida; as eiras e casas anexas, as adegas e lagares, palheiros e barracões levaram o mesmo caminho. As grandiosas árvores multicentenárias que bordejavam os caminhos foram cortadas. As típicas ruas foram alargadas e perderam a graça das sebes verdes. Houve uma substituição quase total do ‘fácies’ do belo lugar de então». E, digo eu, isto é válido para todo o País rural. Um mundo perdido.

De facto, a vida era cantada. Cantava-se em todas as tarefas dos campos e da casa, para esquecer o tempo, para encurtar os caminhos, para animar os acompanhantes e para vencer as agruras. As mulheres cantadeiras (eram sobretudo elas que cantavam) tinham mais procura junto dos fazendeiros pelo bom serviço que faziam de animar o rancho -. aliás, a poesia e a música aldeãs, tal como os contos e os rimances são criações das mulheres (já os instrumentos musicais são invenções de homens).

E, hoje, o que é uma aldeia? Um pequeno aglomerado de habitações - cada vez mais dispersas entre campos abandonados. Trabalho agrícola? Nada. Vida social? Nada. Criação cultural? Nada. Ninguém nas ruas. Solidão de fugir.

Li há dias nos jornais que, segundo um inquérito europeu, os portugueses são, hoje, o povo mais triste da Europa. Porquê? Para responder cabalmente a isso teríamos de começar pelas cidades".

segunda-feira, 7 de maio de 2007

DEPUTADOS BALDAM-SE AO ACESSO À JUSTIÇA


DEPUTADOS BALDAM-SE AO ACESSO À JUSTIÇA

Excertos de um artigo de Sónia Trigueirão no Jornal 24 horas de 4 de Maio de 2007

Na tarde de quinta-feira, poucos foram os deputados que quiseram ouvir os argumentos sobre a proposta de lei do Governo para facilitar o acesso à Justiça. No fim da discussão, só estavam dentro da sala do plenário o secretário de Estado João Tiago Silveira, 36 parlamentares... e algumas moscas.

Pelas 19h30, estava Helena Pinto do Bloco de Esquerda a falar quando a campainha se ouviu nos corredores para chamar os senhores deputados à sala. Havia falta de quorum e António Filipe, deputado do PCP e vice-presidente da Assembleia da República – que ontem estava a presidir os trabalhos em substituição de Jaime Gama - foi obrigado a intervir.

Às 19h40 o número de parlamentares já passava os 40, mas ainda não era suficiente. Para uma reunião plenária continuar têm de estar, no mínimo, 46 deputados dos 230 que lá têm lugar.

Por volta das 20h00 o quorum compôs-se, mas ficou pelos 47 deputados. Valeu o esforço de cada grupo parlamentar, que, depois do aviso de António Filipe, começou a chamar os seus deputados.

Estiveram em falta deputados como Alberto Martins, o líder da bancada parlamentar socialista, Paulo Portas, do CDS-PP, Telmo Correia, do mesmo partido – que apareceu enquanto soavam as campainhas - e Marques Mendes, o líder do PSD. Entre muitos outros claro.

Em discussão, e já depois das votações, que normalmente são às quintas-feiras por volta das 18h00, estava uma proposta de lei que pretende alterar o regime de acesso ao direito e aos tribunais. O objectivo é “permitir o alargamento da concessão de protecção jurídica”, como se pode ler no documento

O QUE ELES DISCUTIAM.

A proposta de lei para alterar o regime de acesso à Justiça prevê uma revisão dos critérios de apreciação de insuficiência para efeitos de protecção jurídica e de contabilização do número de elementos do agregado familiar.

Pretende-se abrir também caminho para “a introdução de novas regras relativas à admissão dos profissionais forenses ao sistema de acesso ao direito, nomeação de patrono e de defensor (oficioso) e pagamento da respectiva compensação”.

“Prevê-se a regulamentação, designadamente, do modelo de recrutamento e selecção dos profissionais forenses que assegure a qualidade dos serviços prestados, da participação de advogados, advogados estagiários e solicitadores no sistema de acesso ao direito e da possibilidade de nomeação dos profissionais forenses ser realizada para lotes de processos e diligências avulsas”, lê-se na proposta.

Este artigo da Jornalista Sónia Trigueirão vem de alguma forma ao encontro de outras postagens que aqui foram anteriormente feitas, como “A nova Bitola de avaliação e “Ética”.

Pela elequoência do artigo nem faço comentários, deixo á vossa imaginação fazê-los.

sábado, 5 de maio de 2007

"MEME"


A Maria Faia do Blog Querubim Peregrino passou-nos um "Meme"(*) ao qual devemos dar seguimento... No final do poste indico seis blogues que irei castigar, para que prossigam este "Meme".
Obrigado Maria Faia pela distinção.

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"Meme"

A resignação é um suicídio quotidiano

(Balzac)
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(*) Um "meme" é um "gen ou gene cultural" que envolve algum conhecimento que passas a outros contemporâneos ou a teus descendentes. Os memes podem ser ideias ou partes de ideias, linguas sons, desenhos, capacidades, valores estéticos e morais, ou qualquer outra coisa que possa ser aprendida facilmente e transmitida enquanto unidade autónoma.Simplificando: é um comentário, uma frase, uma ideia que rapidamente é propagada pela Web, usualmente por meio de blogues.O neologismo "memes" foi criado por Richard Dawkins dada a sua semelhança fonética com o termo "genes".

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Passo o "meme" a,



terça-feira, 1 de maio de 2007

1º de MAIO

Para que neste dia não nos esqueçamos dos iniciadores de conquistas que ainda são só uma parte das que se devem de alcançar. Para que neste dia não nos esqueçamos dos que não têm trabalho ou exercem-no em condições infra-humanas como: os emigrantes explorados por “empresários” sem escrúpulos, todos os que tem de fazer grandes percursos para o trabalho e que exercem-no com a falta de condições de higiene e segurança.... NÃO NOS ESQUEÇAMOS A EXPLORAÇÃO DA MULHER. Não nos esqueçamos daqueles que tem de património tanto ou mais que o PIB de países como Portugal , porque CONTRA ELES a luta tem de continuar. Não nos esqueçamos de todos aqueles como o presidente da Câmara de Alcobaça que se passeia e desloca num carro, com gasolina e motorista, pagos por todos nós, não declara os impostos, há sete anos ,como foi referenciado pelos jornais. Ofendendo com a atitude todos os portugueses que trabalham de forma honesta. E não nos esqueçamos, neste caso particular, que os partidos da oposição na assembleia municipal de Alcobaça omitiram o assunto ou desviaram a atenção.

Links sobre a historia do 1º de Maio.

http://increvablesanarchistes.org/articles/avan1914/1mai1886_chicago.htm

http://www.herodote.net/dossiers/evenement.php5?jour=18860501

sábado, 28 de abril de 2007

ÉTICA


Ética…
Perguntam muitos: O que é? Como se mede? Existe? Para quês serve?...
Hoje pensei em falar dela.
Implica uma reflexão múltipla porque múltiplos são também os domínios em que esta está ou deve estar presente no quotidiano de Homens e Mulheres livres, iguais em direitos e deveres, elemento “ compositum” do Universo em contínua evolução.
Ética é sobretudo, mas não só, “ aquela ciência da moral” que, desde os tempos mais remotos da Humanidade, tem sido defendida pelo Homem como a ciência que concerne aos princípios da moralidade e dos bons costumes.
De facto todo o Ser humano deve pautar a sua existência e o seu comportamento social e/ou profissional por uma profunda consciência moral e/ou profissional.

Princípio, palavra e acção devem ser, no mínimo, condizentes.
No entanto, sempre direi que no exercício de uma qualquer actividade, a consciência moral não é rigorosamente coincidente com a consciência profissional, o mesmo se passando no âmbito das relações estritamente sociais, individuais ou colectivas.
A todo o profissional, a todo o ser humano é reconhecido um importante papel na administração da justiça social e profissional.
É por esta via que o trabalhador, o empresário ou o político, no uso das suas faculdades ético-profissionais, pode e deve ser o obreiro por excelência na construção de um mundo mais justo e solidário.
Ética é também o dever – ser da conduta profissional, na defesa de princípios fundamentais como sejam os da lealdade, da confiança, responsabilidade pessoal e social, liberdade e justiça individual e colectiva.
Lealdade que sempre informa o quotidiano do profissional, confiança que a sociedade em geral e o outro em particular nele deposita, liberdade de actuação crítica do sistema, do vulgarmente comum, do arbitrário, do injusto, responsabilidade na construção de sociedades mais empenhadas na defesa dos valores ambientais, sociais e humanistas.
Porque não dizer apenas:
- Que a voz nunca me doa, o pensamento nunca me abandone e a acção não se esgote para que possa, pensando na construção de um mundo novo, “ gritar sempre bem alto” que os Homens são iguais e deverão ser sempre livres, num Universo que queremos construir cada mais fraterno e solidário.

terça-feira, 24 de abril de 2007

25 DE ABRIL SEMPRE



PARA QUE A MEMÓRIA PERMANEÇA E A LIBERDADE SE REFORCE
LIBERDADE IGUALDADE E FRATERNIDADE.

sábado, 21 de abril de 2007

Faltam 77 dias para terminar a eleição ...


O Mosteiro de Alcobaça é um dos 21 finalistas no concurso das 7 maravilhas de Portugal.

Recentemente foi divulgada a lista do top 10 desta votação, onde não constava o Mosteiro de Alcobaça.

Mas ainda temos algum tempo, para inverter esta situação.

Penso que era, sem sombra de dúvidas, uma excelente mais valia para Alcobaça, e para o seu concelho, a eleição do Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça como uma das 7 maravilhas de Portugal.

Formas de votar:
. pelo endereço da Internet - http://www.7maravilhas.pt/
- através do telefone 760 100 077 marcando, de seguida, 12,
- através de SMS para o número 3077 escrevendo a mensagem Portugal 12.

Cada português não dispõe apenas de uma hipótese de voto, pelo que poderá votar mais do que uma vez no mesmo monumento.

Nesta óptica de elegermos, primeiro, as novas 7 maravilhas do mundo, e depois, as 7 maravilhas de Portugal, penso que ao nível do concelho se deveria fazer idêntico concurso …

Porque não criarmos um concurso a nível concelhio, e elegermos as 7 maravilhas do nosso concelho?

Em que cada freguesia sugeria, por exemplo, e inicialmente 3 locais pré candidatos …

terça-feira, 17 de abril de 2007

Ó Evaristo tens cá...disto?


Quem não se lembra desta célebre frase de Vasco Santana (Narciso) para António Silva (Evaristo) no filme português “O Pátio das Cantigas” de 1942 realizado por Francisco Ribeiro (Ribeirinho)

O Narciso e o Evaristo eram donos de lojas de pequeno comércio de bairro, com dois dos mais tradicionais ramos de negócio da época, uma leitaria e uma mercearia que, como tantas outras, povoavam este País de Norte a Sul. Muitos outros ramos de negócio se espalhavam pelos bairros das cidades, vilas e aldeias. O pequeno comércio, era o suporte de muitas famílias e ainda hoje algum vai resistindo a uma morte lenta anunciada.

Alguns destes ramos foram deixando de ter razão de continuar, por força de um desenvolvimento tecnológico que os foi substituindo por outros que se foram mostrando mais adequados á época. Dou como exemplo os inúmeros carvoeiro que em tempos não muito remotos foram resistindo mas que hoje desapareceram por completo, pelo menos nas grandes urbes.

Outros existiam servindo toda uma população que deles se utilizava quer por necessidade, quer pela proximidade da residência de cada um. Drogarias, açougues, padarias, retrosarias, pronto a vestir, têxteis lar, sapatarias, tantos ramos tradicionais que iam satisfazendo as necessidades do consumidor.

Foram tempos que acabaram. O pequeno comércio vive hoje em perfeita agonia, e muitos vão encerrando, lentamente com toda a carga negativa daí resultante.

São as grandes superfícies comerciais, a razão desta morte lenta na maioria dos casos. Em nome do progresso, muitas injustiças se foram criando, e obrigando a este estado de coisas.

Que leis protegeram o pequeno comerciante? Que condições de sobrevivência lhes foram dadas? Que contrapartidas?

O Procom – Programa de Incentivo à Modernização do Comércio,? A Urbcom – Sistema de Incentivos a Projectos de Urbanismo Comercial?

Modernizar? Claro é imperioso e necessário. Que capacidade têm os pequenos comerciantes perante a desigualdade da concorrência destes grandes espaços comerciais? Que preços para competir? É que comprar com tostões não é o mesmo que comprar com milhões e desde logo se criou uma barreira intransponível que o pequeno comércio não consegue nem encontra meios para ultrapassar.

Até nos horários a profunda injustiça que se criou marca a diferença pela negativa. Modernizar sim, mas não a qualquer preço.

Sei do que falo! Também senti na pele todas estas injustiças em nome do progresso e do interesse público, porque fui um pequeno comerciante da baixa lisboeta.

A nós, pequenos comerciantes, quem nos valeu? Quem nos vale? Ninguém.

Em Portugal, neste momento são já mais de 1.500 as grandes superfícies ou unidades comerciais de dimensão relevante, propriedade de grandes grupos. Os Centros Comerciais são mais de 30.000 espalhados por todo o País. Nos dois casos, acrescerá os que estão em fase de apreciação ou já aprovados para serem implantados.

Quem consegue competir com estes “monstros” que em nome do progresso e da comodidade nos vão aparecendo a cada esquina?

E os postos de trabalho, dirão alguns, eu sei. Mas será que esse facto impede quem tem o poder de legislar de se lembrar do pequeno comerciante?

As questões climatéricas e/ou as grandes catástrofes naturais sempre foram motivo para se reclamarem subsídios para as diversas actividades afectadas por esses factos. Os pescadores, logo que o mar o não permite, não saem em busca do seu ganha pão e solicitam-nos. Os agricultores, quando as suas culturas não resultam por factores climatéricos, reclamam-nos quase de imediato. E com inteira justiça, não contesto, ninguém contesta.

E o pequeno comerciante? Que subsídios, que ajudas?

É bom que haja progresso! Mas, não pode ser em seu nome que se cometam injustiças, nem obrigar o pequeno comerciante a pagar a factura desse progresso.

Comércio tradicional que futuro?

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Guerra, Violência e Imagem


"A guerra é uma massacre entre gente que não se connece para proveito de gente que sim se conhecem mas não se massacram”. Paul Valéry

Para o Ocidental, a guerra converteu-se num fenómeno ambivalente, como indicou Freud em 1920 na obra “Além do princípio do prazer”. Introduzindo o conceito de instinto de morte, por analise das matanças nas lutas de gladiadores no Coliseu de Roma (cimeira da cultura ocidental) até às mortes pela Inquisição. Entretenimentos que, na actualidade, se prolongam no cinema e em filmes como : “Apocalipse Now” , “Day After” , “Independece Day”, e jogos de guerra de consolas.Em qualquer destas realidades lúdicas a guerra, a destruição, a violência e, a morte, estão sempre presentes. Levando-me a pensar na forma como tudo isto se consome, ser indicador de uma espécie de regresso simbólico à antiga violência circense.Na humanidade há uma produtiva cultura de terror desde Caim, e uma das teorias comuns sobre a aderência espontânea à violência, e aos espectáculos que cria, sugere que permite descarregar, de modo imaginário, as pulsações agressivas do indivíduo, provocando descargas libertadoras de adrenalina sem consequências negativas directas em terceiros, oferecendo até virtudes terapêuticas a pessoas com marcadas tendências agressivas (Stanley Milgram).Obviamente que, nem toda a gente partilha desta ideia e, mentes subversivas ou corrosivas como a minha dirão que as imagens da guerra, na televisão, são a forma actual de ensinar a geografia. Quem não sabe agora onde se situa o Iraque, o Ruanda, Mogadíscio ou a Tetchenia?Como espectáculo, a guerra provoca desesperos, dores, angústias, medos e mortes mas umas são as mortes autênticas e outras as de ficção. E há diferenças em ambas e realidades psicológicas distintas. Um espectador não se impressiona do mesmo modo frente ao “Apocalyps Now” que perante um documentário sobre atrocidades na Somália. E foi a presença reiterada da morte na televisão a cores que permitiu distinguir o sangue do barro. Uma particularidade que provocou o desassossego colectivo nos EU obrigando a retirada das tropas americanas do Vietname.A guerra do golfo, a primeira guerra da história a ser televisionada, foi asséptica pela censura militar contrastando com a hiper inflação mediática, porque foi extirpada do seu cenário o dramatismo da morte.Veja-se como nas imagens acima, mostram a suposta precisão cirúrgica das bombas inteligentes realçada em planos gerais afastados, pontos de vista aéreos, sem nunca descer ao terreno das vítimas ou mostrando os bombardeamentos nocturnos como velas acesas numa árvore de natal . Deste modo, as bombas podiam ser destrutivas, mas nunca assassinas.Este tipo de censura converteu a guerra em mais um espectáculo televisivo de efeitos visuais ao gosto dos que deliram com pirotecnia e efeitos das novas realidades virtuais, como as crianças. Infelizmente uma coisa é a realidade, outra muito distinta, a sua representação mediática. E no caso da visão electrónica como na escrita, ambas são oriundas de um centro difusor de imagens obediente a uma estratégia racional e esteticamente elaborada, com um sentido subjectivamente pré - determinado, ao contrário da visão naturalista que é subsidiária do real empírico.Este ardil está a moldar a espécie humana em dóceis e amestrados telespectadores, obedientes a um poder concentrado em círculos informativos cada vez mais restritos e com capacidade de configurar o real à medida dos seus interesses comunicacionais . É por isso que humanidade está a converter-se em espectáculo de si mesma. E a sua auto - alienação está a alcançar um ponto que lhe permite viver a sua própria destruição como gozo estético…será essa a finalidade?

Ps. todo o comentário bem disposto e elevado é bem vindo.

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Sr.Dr.;Sr.Eng.;Sr.Arq.


No mundo, só em Portugal os diplomados pela universidade são tratados por doutor ou engenheiro. Em França Docteur significa médico, em mais parte nenhuma do mundo civilizado as pessoas são tratadas pelos títulos académicos.

Este tratamento português é um atavismo cultural e um arcaísmo medieval relacionado com o analfabetismo da massa. Tem relação com o sistema arcaico de classes ele sucede aos títulos de nobreza ou do senhorialismo. Ser Sr. Dr. Ou Sr. Eng. é diferenciar uma casta. É um tipo de ascensão social fictícia, não económica porque não representa um status económico. É um tratamento pré moderno porque na modernidade são o saber e o estatuto económico que distinguem os indivíduos.

O tratamento perpetua a ignorância de massa. Pressupõe o desejo de a massa não ascender aos saberes, segrega os que não são “credenciados” ou autorizados no saber, por um lado, e os “credenciados” por outro. Por isso é que Portugal – o único pais onde existem estes tratamentos - é o mais iletrado da Europa, o mais pobre, com mais desnivelamento social e, curiosamente onde há menos licenciados.

Ps. todo o comentário bem disposto e elevado é bem vindo.

sábado, 31 de março de 2007

A Nova Bitola de avaliação


Os tempos estão a mudar e as regras de trabalho encontram-se em mutação. Somos hoje avaliados por uma nova bitola. Não apenas pela nossa inteligência ou pelas nossas habilitações mas também pela forma como nos gerimos a nós próprios e aos outros.
Esta bitola aplica-se cada vez mais na escolha de quem é admitido, e de quem não o é, de quem sai e de quem fica, de quem é preterido e de quem é promovido.
As novas regras determinam quem tem maior probabilidade se se tornar um profissional excelente e quem está mais sugeito a descarrilar. E independentemente da área em que estejamos a trabalhar no momento, medem as caracteristicas que são cruciais para o valor da nossa candidatura a promoções ou a empregos futuros.
Estas regras pouco têm a ver com aquilo que na escola nos disseram que era importante ; as habilitações académicas pouca importância têm neste padrão. Parte-se do principio que as pessoas já têm toda uma aprendizagem básica suficiente , então a avaliação das pessoas vai centrar-se nas qualidades pessoais , como a iniciativa a empatia , a adaptabilidade e a capacidade de persuasão, a competência , enfim um conjunto de caracteristicas que vão ser necessárias para que uma pessoas possa saber qual a direcção que deve dar à sua carreira profissional, podendo tornar-se assim uma pessoa util á sua familia e porque não, á sociedade em que está inserido.
Infelizmente em Portugal tudo isto ainda nos passa um pouco ao lado. A inveja, o deixa andar e a incompetência, o compadrio andam ao nosso lado e são certamente um entrave ao nosso desenvolvimento.
Se é um pouco assim nas empresas de pequena e média dimensão as grandes organizações têm já outros mecanismos em que se promove um clima de competências forçando os menos capazes ou menos interessados, a pedalar com mais intensidade , para que possam sobreviver e contribuir para o todo da organização.
Infelizmente pouco ou nada disto se passa com a classe Política , raramente não são os mais capazes que seguram as rédeas do poder. Vejam os Autarcas que estão ao nosso lado!
O cidadão mais atento pode ver o que se passa com as classes partidárias, e é uma tristeza o que se vê, pessoas que já foram até ministros e outras coisas mais, terem comportamentos morais e cívicos que não seria pensavel esperar de pessoas menos instruídas. É o que temos , mas este marasmo tem que mudar.
É nossa obrigação e dever, lutar para que sejam sempre os melhores a ocuparem os cargos que de uma maneira ou de outra, nos vão afectar positivamente , ou se forem menos válidos , será sempre de efeito negativo para todos nós.

Vamos á luta.

segunda-feira, 26 de março de 2007

A União Europeia e o QREN


Fez ontem precisamente 50 anos, que em Roma foi assinado o Tratado que instituiu a Comunidade Económica Europeia.
Iniciou-se, então, o fim da Europa das fronteiras, das divisões e o início da paz, da liberdade, da democracia, da tolerância e da solidariedade.
Muitas são já as etapas da formação e consolidação da União Europeia, mas sempre norteadas aos princípios e linhas orientadoras do Tratado de Roma.
Portugal, juntamente com a Espanha, entram para a CEE em 1 de Janeiro de 1986.
Para a actual UE, várias foram as alterações que se fizeram sentir após a nossa adesão. Foram já vários os programas de apoio comunitário que Portugal usufruiu, alguns nem sempre bem aproveitados.
A nível regional, o Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN) 2007-2013, é a nossa derradeira oportunidade…
O QREN, assume como grande desígnio estratégico a qualificação dos portugueses e das portuguesas, valorizando o conhecimento, a ciência, a tecnologia e a inovação, bem como a promoção de níveis elevados e sustentados de desenvolvimento económico e sócio-cultural e de qualificação territorial, num quadro de valorização da igualdade de oportunidades e, bem assim, do aumento da eficiência e qualidade das instituições públicas.
A prossecução deste grande desígnio estratégico, assenta em três domínios essenciais de intervenção: o potencial humano, os factores de competitividade da economia e a valorização do território.
No que concerne a este último domínio, e que está nas mãos das autarquias, a Agenda Operacional para a Valorização do Território visa dotar o país e as suas regiões e sub-regiões de melhores condições de atractividade para o investimento produtivo e de condições de vida para as populações.
Abrange as intervenções de natureza infra-estrutural e de dotação de equipamentos essenciais à qualificação dos territórios, e ao reforço da coesão económica, social e territorial.
Esta Agenda acolhe como principais domínios de intervenção: o Reforço da Conectividade Internacional; das Acessibilidades e da Mobilidade; a Protecção e Valorização do Ambiente; a Política de Cidades; e, ainda, as Redes de Infra-estruturas e Equipamentos para a Coesão Territorial e Social.
Alcobaça não pode perder esta oportunidade!